domingo, 19 de dezembro de 2010

Povo da Fúria - Cap II - sequência 6

Antes de iniciar a leitura, leia: Povo da Furia - Cap II - sequencia 5

                Os arbustos da floresta Erech, dobravam-se calmamente com o vento norte e gélido que soprava. A floresta estaria em seu estado normal, não fosse pelos passadas apressados de um homem encapuzado, de braços cruzados se protegendo da noite e da floresta, que caminhava a passos largos por ela, sem se preocupar com os sons que estes emitiam.
                Tamanho era o barulho de suas passadas que animais e entidades próximas a ele eram atraídos  ao seu encalço. Espíritos telthors de animais começavam a surgir em diversos cantos próximos da trilha do forasteiro.
                Todos os animais, monstros e espíritos que eram atraídos pelo invasor, no instante seguinte voltavam suas cabeças para lugares vazios da floresta e então deixavam em paz o descuidado caminhante, pois ele não estava sozinho.
                Nos pensamentos do arcano vermelho, tudo o que ele queria era sair da floresta o mais rápido possível, não se sentia a vontade e sabia que não estava seguro, mas para isso acontecer ele precisava encontrar o que seu mestre queria.
                Segundo Ilmok Opala da Noite, através de informações seguras, ele descobrira que nem todas as bruxas de Rashmen partilhavam das mesmas opiniões e essas discórdias internas, haviam dividido seu poder, gerando inclusive uma pequena guerra interna dentro de Rashmen, entre as bruxas, algo que estava sendo ocultado diretamente de seu povo.
                As bruxas teriam se dividido em dois grupos; as conhecidas Hatrans, amadas e protetoras do povo e as Durthans, desconhecidas e desejantes do poder. Ao que o mago vermelho sabia a discussão básica entre os dois grupos era simples: as primeiras acreditavam que suas habilidades mágicas deveriam servir e proteger o povo de Rashmen enquanto que as segundas acreditavam que suas habilidades deveriam ser usadas para governar, controlar e conquistar. Eram o lado oculto das Hatrans, as Durthans representavam o desejo pelo poder doentio e maligno, a corrupção que uma alma boa pode alcançar no momento de ter saboreado o que suas habilidades por menores que sejam poderiam lhe garantir caso fosse usado em modo menos altruísta.
                Infelizmente as Durthans não se diferenciavam das Hatrans, em vestes, hábitos ou beleza. Mas Ilmok descobriu que a floresta de Erech era usado como seu quartel general. Um local secreto que estas bruxas malignas usavam para se encontrar.
                E ele precisava desesperadamente fazer uma oferta.
                Para isso o Transmutador, pois esta era sua escola especialista dentro das várias escolas de magia, enviara diversos aprendizes para a Floresta Erech, na esperança de fazer contato.
                Esta era a missão de Ikal Tekish, aprendiz do mago. Ikal conhecia todos estes detalhes de seu mestre, mas não tinha qualquer conhecimento de o que seu tutor pretendia realizar após seu contato com as senhoras da floresta. Mas Ikal, era um arcano vermelho e como tal, tinha seus próprios planos, pois esta era da natureza daqueles que nasciam em Thay, ter suas próprias articulações. Todos ambicionavam o poder. Todos o queriam de forma irresistível, e para Ikal não era diferente, ele também tinha planos, por isso adentrava a floresta, mesmo lutando contra seus medos interiores. Ele tinha que prosseguir, encontrá-las o quanto antes. Para que pudesse sair daquele lugar e continuar seu caminho que o levariam a se tornar uma pessoa importante em Thay. Ikal nunca conheceu ninguém ou nada que pudesse mudar estes pensamentos, e tinha certeza que não existiria essa possibilidade em lugar algum no mundo.
                Repentinamente, ocorrera um pensamento estranho a Ikal. Ele já avançava pelo interior da floresta fazia horas, e ele não encontrara nada, nem uma criatura a mais, desde o ocorrido com o urso-coruja, de fato a floresta antes assustadora e barulhenta encontrava-se em silêncio mortal.
                Ikal era um homem astuto e ele repentinamente engasgou com a possibilidade que lhe ocorrera.
                Ele parou e tomou uma posição ereta, a mais altiva que pode arranjar e fixou os olhos a sua frente e contemplou a mata escura, cheia de troncos, de folhas escuras, de arbustos, pedras e nem um outro sinal de vida.
                Ele fechou os olhos com calma, enquanto sentia uma gota de suor frio se formando no topo de sua cabeça que iria escorrer por todo seu corpo. Tomou uma grande quantia de ar e abriu os olhos, e voltando-se o mais cautelosamente que conseguiu, virou-se para trás e como adivinhara, sua busca havia terminado, pois ele fora encontrado pelo que viera encontrar.
                - Como ousa adentrar nossos domínios mago vermelho? – Uma voz severa surge dos lábios de uma das seis mulheres que poderiam ter pronunciado a frase, e em seu interior, Ikal apenas rogava para que a tese de seu mestre fosse verdadeira, pois nesse momento o aprendiz começou a avaliar suas chances de sair daquela floresta com vida, e para seu completo terror, ele não conseguia encontrar  muitas possibilidades disso acontecer.

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