segunda-feira, 16 de julho de 2012

A imagem no espelho


Muito diferente do que acontece nos dias de hoje, antigamente não se tinham câmeras digitais em qualquer tipo de móbile ou aparelho e as pessoas registravam os momentos com muito menos frequência.
Minha vida não deve ter sido diferente de muitos que conheço com poucas imagens registradas ou guardadas de quando eram crianças.
Esta aqui é uma das poucas - acredito que posso contar em uma mão - das fotos que tenho de até 1 ano de idade.

Mas sem sombra de dúvidas é a minha favorita.
Não faço nem ideia do que pode ter passado pela minha cabeça no dia em que meus pais tiraram esta imagem, mas gosto de pensar nkela como se fosse hoje, no que eu estaria pensando.
Acho que pensava em chocolate, em carrinho de polícia, em um forte-apache. Um pula-pirata, um bodoque, um pula-pula. Até onde me lembro antes dos 7 anos de idade não tínhamos televisão, então os sonhos de consumo eram invejando o que meus primos possuíam. É eu sei. Provável que com esta idade mesmo o que eu queria era uma madeira. Mas é difícil tentar pensar como criança tão pequena.
Mas é fácil sonhar que se quer voltar a ser o que nunca mais se conseguira ser. 
Quando olho no espelho, sempre que me vejo, vejo meus olhos da mesma cor e com a mesma vivacidade daquele menino no espelho.
Quem sabe quando ele estava olhando, ele não voltou a cabeça pra cima, porque estava me vendo, ali de pé mais velho vendo ele?
E enquanto nos admiravamos, por algum momento perdido em um tempo utópico, nos invejamos. Eu querendo ser eu mais velho, e eu querendo ser eu mais novo.
Como é bom olhar no espelho e enxergar quem nós somos.

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